O conhecimento e os recursos científicos podem ajudar a restaurar o equilíbrio, mas não são suficientemente acessíveis ou utilizados, afirma este relatório multiagências coordenado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).
O documento sobre o estado dos serviços climáticos deste ano centra-se na saúde. Destaca a necessidade de informações e serviços climáticos personalizados para apoiar o sector da saúde face a condições meteorológicas mais extremas e à má qualidade do ar, à evolução de doenças infecciosas e à insegurança alimentar e hídrica.
“Quase todo o planeta sofreu ondas de calor este ano. O início do El Niño em 2023 aumentará significativamente a probabilidade de novas temperaturas recordes, provocando calor mais extremo em muitas partes do mundo e nos oceanos, tornando o desafio ainda maior”, alerta o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
489.000 mortes por ano devido ao calor
“A crise climática é uma crise de saúde, que conduz a fenómenos meteorológicos mais graves e imprevisíveis, alimenta surtos epidémicos e contribui para o aumento das taxas de doenças não transmissíveis”, lamenta, por sua vez, o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde (seguro médico obrigatório), que apela a “trabalhar mais em conjunto para tornar os serviços climáticos mais acessíveis ao setor da saúde”.
Hoje, menos de um quarto dos ministérios da saúde utiliza informações meteorológicas para monitorizar os riscos para a saúde relacionados com o clima.
O relatório observa, contudo, que os países com cobertura limitada de alerta precoce têm uma taxa de mortalidade por catástrofes oito vezes superior à dos países com cobertura substancial ou completa.
Aprendemos também neste documento que o calor é o fenómeno climático extremo que causa o maior número de mortes. Os episódios de calor custaram a vida a 489 mil pessoas, em média, entre 2000 e 2019, e o do verão de 2022 causou mais de 60 mil mortes adicionais na Europa.
Para resolver esta situação, espera-se que os serviços de alerta de calor – atualmente prestados apenas em metade dos países afetados – aumentem rapidamente até 2027, como parte da iniciativa internacional de Alerta Precoce para Todos.