Com mais de 2 mortes por minuto, os acidentes rodoviários continuam a ser a principal causa de morte entre crianças e jovens entre os 5 e os 29 anos, mas os progressos são insuficientes, segundo a ONU.
O último relatório doseguro médico obrigatório sobre A situação global da segurança rodoviária em 2023 mostra que, desde 2010, o número de mortes devido a acidentes rodoviários diminuiu 5%.
Progresso encorajador, mas insuficiente
“O trágico número de mortes causadas por acidentes rodoviários está a mover-se na direção certa, a descer, mas não é suficientemente rápido”, disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, num comunicado por ocasião da publicação deste relatório.
Palavras ecoadas por Jean Todt, Enviado Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Segurança Rodoviária. Ao microfone deInformações da ONUafirmou que mesmo que esses resultados sejam animadores, essa redução no número de mortes é insuficiente.
O antigo co-piloto francês de rali e diretor da equipa Scuderia Ferrari de Fórmula 1 também indicou que este relatório não contabiliza os feridos em acidentes rodoviários que podem sofrer sequelas e incapacidades durante décadas. Além das consequências dramáticas para as famílias e entes queridos das vítimas, o Sr. Todt observa o custo astronômico desses acidentes para a sociedade, estimado em 1.800 bilhões de dólares, segundo a OMS.
“A carnificina pode ser evitada”
O relatório revela que 9 em cada 10 mortes ocorrem em países de baixo e médio rendimento e que o risco de morte é 3 vezes maior nos países de baixo rendimento do que nos países de alto rendimento, enquanto os países de baixo rendimento não possuem apenas 1 % dos veículos motorizados do mundo.
Para Jean Todt, vários factores explicam esta situação, nomeadamente a falta de informação, a dilapidação da frota automóvel composta por carros obsoletos proibidos de circular na Europa, o acesso demasiado fácil à carta de condução, ou a falta de aplicação das leis.
“A carnificina nas nossas estradas pode ser evitada”, argumentou o chefe da OMS, Dr. Tedros, apelando a “todos os países para que coloquem as pessoas, em vez dos carros, no centro dos seus sistemas de transporte, e garantam a segurança dos peões, ciclistas e outros utentes vulneráveis das estradas.
Segundo o relatório, 53% das mortes nas estradas são utilizadores vulneráveis, nomeadamente peões (23%), condutores de veículos motorizados de duas rodas (21%), ciclistas (6%) ou utilizadores de scooters eléctricas (3%).
Torne esta “pandemia” mais visível
O relatório revela também uma “alarmante falta” de progressos na legislação e nas normas de segurança.
Apenas seis países têm leis consistentes com as melhores práticas da OMS para todos os factores de risco, incluindo excesso de velocidade, condução sob o efeito do álcool, utilização de capacete em motociclos, utilização de cinto de segurança e sistemas de retenção para crianças.
Esta é também a missão que Jean Todt se atribuiu, como Enviado Especial para a segurança rodoviária: tornar mais visível esta “pandemia” de mortes nas estradas.